sexta-feira, 6 de julho de 2012

Veduca

Dica de Isabel Sales

O Glauber Barbosa, amigo de mestrado, me falou sobre o “Veduca” há séculos e hoje, finalmente, consegui entrar e interagir com o que há lá. O site, como alguns outros (“Planeta Acadêmico”), disponibiliza vídeos de diversas universidades mundiais, com palestras interessantes e uma alternativa (ou complemento) à educação que temos no Brasil. O interessante é que o Veduca é grátis, tem mais conteúdo e vários são legendados (alguns são brasileiros, inclusive).

No gráfico de nuvens nota-se claramente que há uma maior quantidade de vídeos sobre Ciência da Computação. Engenharia, Medicina e Ciências da Saúde também se destacam. Para encontrar assuntos contábeis, há de se procurar em “Economia” ou “Administração e Negócios”.

Vamos explorar juntos?

Este (sem legenda) é com o professor Douglas Rae, de Yale, (com direito a gravata borboleta vermelha, fera!) é intitulado “Capitalismo: Sucesso, Crise, Reforma”. Rae deslancha: “O socialismo utiliza capital”. “Fascistas usam capital, esquilos e até aranhas também”. (Eu queria um professor assim!) O capitalismo é a subespécie na qual a riqueza acumulada é distribuída de forma a criar novas riquezas em um ambiente competitivo. O capitalismo não foi inventado por um cara esperto como o Adam Smith, mas sim evoluiu de forma orgânica em tentativas e experimentações. Por falhas. Interessante que se você observar a história do mercado ela é recheada de derrotas. [...]

Para quem quer aprender ou tentar gostar mais de estatística e probabilidade, há um vídeo (com legendas) da Universidade de Berkeley, com o professor Fletcher H. Ibser (notem os diversos quadros!). O esquema é tão educativo que é permitido a venda das anotações que são feitas em aula. Imagine o nível da turma...! E a organização dos alunos que anotam, organizam e comercializam o material. Simplesmente fascinante.

Olha que fantástico. Eu estava procurando algo bem diferente disso, mas me deparei com um curso do Dalai Lama sobre “centralidade da compaixão” (com legenda). A risadinha dele é uma graça!

Acho ótimos sites assim, especialmente os bem organizados e com funções diversas de pesquisa. Fica, ainda, a dica para aqueles tão sedentos quanto eu: nos vídeos mais assistidos, nas aulas mais agradáveis e estimulantes, você pode aprender também sobre didática e agregar ao seu perfil técnicas diferentes.

Ao escrever esse texto alguns dos mais vistos da semana foram: Origens da Crise Financeira (Princeton); A Psicologia da Felicidade (Fundação TED); Ciência, Misticismo e Religião (UCLA); Introdução à Ciência da Computação (Nova Gales do Sul).

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cientistas precisam saber escrever


Cientistas precisam saber escrever, afirma editor de revista internacional

Não basta fazer pesquisa, é preciso saber redigir artigos científicos para ser um bom cientista, afirma Carl Webster, editor da World Aquaculture Magazine

O Brasil deixa de publicar muitos trabalhos científicos de alta qualidade em revistas de grande impacto simplesmente por não redigir adequadamente. A afirmação foi feita por Carl Webster, do Centro de Pesquisa em Aquicultura da Universidade do Estado do Kentucky, Estados Unidos, no 5º Congresso da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência 2012), realizado em Palmas (TO) de 1º a 5 de julho.
Webster, que ministrou um curso sobre redação de artigos científicos durante o evento, é o editor responsável pela World Aquaculture Magazine, revista da Sociedade Mundial de Aquicultura (WAS, na sigla em inglês).
O primeiro passo, segundo Webster, é selecionar o assunto a ser tratado de acordo com a publicação. "Dizer que a amônia apresenta toxicidade para o pirarucu, por exemplo, não é novidade alguma, mas se você fizer um artigo sobre a fisiologia ou histologia relacionada ao assunto, o interesse será grande", disse.
Segundo Webster, saber dividir uma pesquisa em partes que possam interessar a diferentes periódicos científicos e relacioná-las entre elas é um dos atributos mais valorizados pelos revisores.
O organizador do curso, José Eurico Possebon Cyrino, professor associado do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), concorda. Em vez de focar os artigos em espécies exclusivas do Brasil, Cyrino recomenda selecionar detalhes da pesquisa que sejam comuns a outros peixes, o que pode fazer toda a diferença durante uma seleção para publicação.
Cyrino, que coordena atualmente três projetos apoiados pela Fapesp na modalidade Auxilio à Pesquisa – Regular, após ter concluído diversos outros, é o responsável pela publicação dos anais do Aquaciência e aponta para uma deficiência na formação do pesquisador em todo o país, a redação científica.
"É preciso mostrar aos graduandos e pós-graduandos a importância de se escrever bem um artigo científico, sob o risco de o trabalho não ter a repercussão que merece", alertou Cyrino ao ministrar o curso que dividiu com Webster.
Webster, por sua vez, ressaltou a alta qualidade da pesquisa brasileira em aquicultura, apesar das dificuldades na escrita. "O Brasil faz um ótimo trabalho de investigação na área, e poderia publicar muito mais", afirmou.
A despeito das dificuldades dos brasileiros, a qualidade de um trabalho pode suplantar as barreiras linguísticas, de acordo com ele. "Não descarto um artigo potencialmente bom por estar mal escrito, todavia um paper bem escrito faz muita diferença na hora da escolha", disse.
Webster aconselha aos que dominam pouco o inglês a sempre submeter o artigo a um colega fluente antes de enviá-lo a uma revista. Adaptar o artigo a cada publicação é outra dica. Por esse motivo, não é aconselhável enviar para uma revista um artigo originalmente escrito para outra. Cada uma possui peculiaridades e objetivos que precisam ser observados.
Pelo mesmo motivo, o cientista aconselha a leitura atenta das normas de cada publicação. "Muitos trabalhos são rejeitados por não observar regras básicas estabelecidas pelos editores", apontou.
Sem tradutor automático
Segundo Webster, na hora de escolher a publicação é importante verificar o fator de impacto, que é o indicador de citações que o veículo teve durante o período de dois anos. Publicar em revistas de reputação ruim pode afetar negativamente o trabalho.
No entanto, o fator de impacto não é tudo, pois é necessário ver se o trabalho é adaptado àquela revista. "Um fator de impacto alto provoca em vários países uma avalanche de trabalhos submetidos à revista e muitos deles não têm muito a ver com a proposta da publicação", pontuou.
Webster alertou para a necessidade de sempre restringir cada artigo a um único tema central. "Uma pesquisa pode apresentar inúmeros experimentos, contanto que tenha um único foco", aconselhou. Por outro lado, quanto aos parâmetros é preferível que sejam abundantes e componham um banco de dados que apoiem a pesquisa.
Cyrino propôs aos participantes a aquisição de bons dicionários em inglês, de preferência ilustrados. Desse modo, fica mais fácil encontrar partes anatômicas dos animais, por exemplo. O professor da USP apresentou uma extensa lista de livros de apoio voltados à escrita científica.
Entre suas dicas finais, Cyrino desaconselhou o uso de tradutores automáticos encontrados na internet e chamou a atenção para um equívoco comum em submissões internacionais, a titulação de doutorado.
"Se você não fez doutorado nos Estados Unidos ou no Reino Unido, não escreva a sigla PhD em sua titulação, mas doutor em ciência", recomendou. Segundo Cyrino, o título PhD pressupõe fluência na redação científica na língua inglesa e, caso o autor não apresente essa habilidade no texto, ele frustrará bastante o avaliador.